quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

ÚLTIMO DIA: "Despedida"

Chegou o dia da última linha da frequência ser preenchida! Para o último dia de atividade prática, decidimos fazer um pequeno balanço da atividade juntamente com a Dra. Patrícia, a auxiliar Naína e os colegas do 8º e 9º período. Para tal, levamos bolo e suco para uma singela confraternização após o atendimento. Quando estávamos esperando o término dos atendimentos, o prof. Otacílio chegou ao posto e também pôde participar.



Acreditamos que a experiência foi extremamente positiva para o nosso crescimento profissional, mas principalmente humano. Apesar do cansaço, das preocupações, do sol na cabeça, da correria dos dois ônibus para ir e dois para voltar, não tem como não dizer MUITO OBRIGADO depois de ter sido tão bem recebido na casa de pessoas que sequer nos conheciam, de ter passado um pouquinho do nosso ainda tão limitado conhecimento sobre Odontologia a uma fatia da população que passa por situações piores que a ausência de um material na clínica ou a espera de um ônibus que demora...

Fomos sortudos em ter caído nas mãos de uma profissional e pessoa como a Dra. Patrícia Viana, carinhosamente chamada de Dra. Paty. À senhora, toda a nossa gratidão e afeto. Só podemos lhe dizer uma coisa: se ser um verdadeiro mestre é uma vocação, um talento, um sacerdócio, pode ter a certeza que a senhora nasceu com esse dom. Seremos eternamente seus alunos!

Agradecemos também à TODA equipe da Unidade de Saúde do Cristo Rei, que nos recebeu muito bem, tirou nossas dúvidas, sempre com respeito e sinceridade. Em especial, gostaríamos de dizer um muito obrigado à agente de saúde comunitária Ana Rosa que nos acompanhou em boa parte das atividades de campo, com muita espontaneidade e atenção.

Aos colegas do oitavo período, Sudário e Fernando, muito obrigado pelas dicas, principalmente no trato com os pacientes nas visitas. Boa sorte com o vídeo de vocês!

Dessas quartas, obtemos mais que uma nota a mais no histórico. Obtemos o entendimento que o dentista pode, deve e TEM que ir além das paredes do consultório. A cárie, a doença periodontal, a fratura, o câncer bucal acontecem no território e no dia-a-dia das pessoas que se dirigem ao consultório uma vez ao ano (quando vão).
A construção de profissionais com uma mentalidade menos restrita ao tratamento não só é positiva e essencial ao paciente, mas contribui para a valorização da própria classe. Despedimo-nos dessa atividade, satisfeitos com o que conseguimos fazer, mas principalmente com o que conseguimos aprender.


Através dos séculos existiram homens que deram os primeiros passos, por novas estradas, armados com nada além de sua própria visão. (Ayn Rand)


DÉCIMO DIA: O trabalho do ACS (parte II)

Desde o dia da reunião com a equipe do posto que contou com a presença não só nossa como da colega Lorena do 9º período, um documento com o objetivo de melhor integrar o nosso trabalho no campo com o trabalho dos colegas no consultório começou a ser elaborado. Dra. Patrícia delegou a mim (Marina) e a Lorena a produção desse "instrumento" que deveria abordar não só os aspectos clínicos do paciente visitado como também os sociais, na busca de uma abordagem ampla da Saúde do usuário, essa em seu conceito mais atual. Contudo, com a ocorrência do recesso, apesar do documento pronto, não conseguimos colocá-lo em ação para verificar a sua eficácia.


Passado o recesso e a Atividade Educativa, decidimos retornar com essa ideia, aplicando agora em conjunção com a dupla do oitavo Sudário e Fernando. Para isso, precisaríamos realizar mais uma visita ao território com a ACS, além de que ela indicasse um paciente que, ao seu ver, se encaixaria no perfil da experiência. Tentamos entrar em contato com a agente que estava nos acompanhando, mas essa relatou que não gostaria mais de nos acompanhar. Claro que essa notícia foi um banho de água fria e os motivos que levaram à agente tomar a decisão têm fundamento, mas também são acompanhados de razões pessoais. Infelizmente de todos os planos que desenvolvemos durante a disciplina, esse foi o que não pôde ser concretizado.

NONO DIA: A Atividade Educativa na Residência Terapêutica

Antes de iniciar a atividade ficou certo de nos encontrarmos no posto de saúde, para juntos nos organizarmos e seguirmos para Residência Terapêutica. Logo cedo uma surpresa inesperada: o professor Gilberto resolveu aparecer para saber como estávamos e também dar uma fiscalizada no nosso desempenho ao longo do período.

A chegada à residência não foi das mais fáceis. Nos dividimos em carros e tentamos chegar lá sem saber ao certo o caminho, mas conseguimos. Assim que chegamos encontramos o prof. Otacílio e com ele entramos na residência. A primeira impressão foi a melhor: lugar limpo, organizado, agradável e com moradores doces e acolhedores. Não vamos ser hipócritas a ponto de negar um certo receio antes da realização da atividade – a maioria das pessoas associa a imagem do indivíduo com transtorno mental a alguém agressivo e amedrontador -, mas nos primeiros minutos já ficou notório que estávamos completamente enganados. Uma das moradoras, L., nos recebeu com abraços e palavras carinhosas, assim como as outras moradoras R. e T..




O responsável pela residência, Helielson, também foi muito solícito, nos apresentando a casa, falando sobre como a mesma funciona, sobre as funções que os moradores desempenham e da assistência que recebem do CAPS e do governo municipal. Ao longo da manhã, as três moradoras apresentaram disposição e entusiasmo em participar da roda de conversa que se formou na varanda. Entre outras coisas, elas relataram suas vivências antes da internação e também sobre o dia a dia na residência. Chamou a atenção do grupo as histórias de L., que sofreu abuso sexual do pai e chegou a residência com fortes indícios de maus tratos, incluindo perda quase completa da visão devido a catarata, e que após receber suporte médico e psiquiátrico já se apresentava muito bem fisicamente e até mesmo com certo nível de lucidez e muito comunicativa. Dona R., também causou emoção ao relatar que possuía uma vida tipicamente normal – era enfermeira, casada e avó -, mas que desenvolveu esse distúrbio psíquico “subitamente”.
Ao longo da conversa, o professor Otacílio, juntamente com a doutora Patrícia e o responsável Helielson, nos explicaram o que de fato é uma residência terapêutica e de como ela funciona, sobre o tipo de pacientes que eles acolhem – pessoas com transtornos mentais e em condições de vulnerabilidade, abandonados pelas famílias. O bate-papo se tornou, então, uma aula sobre a política de desmanicomização que vem sido adotada na saúde pública nas últimas décadas.

“a desmanicomização não implica deixar os pacientes soltos nas ruas, ou sob responsabilidade exclusiva da família. Ao contrário, pressupõe a criação de diversos instrumentos, serviços e acompanhamento (todos de caráter público) do paciente e, muitas vezes até mesmo de atendimento da família.”
BRASIL DE FATO
Edição 300
24.11.2008

A atividade teve continuidade com a ajuda dos meninos do 8º período e 9º período. Enquanto Sudário tocava violão e cantava para animar o ambiente, Fernando, Nayllanne, Marina e Fernanda davam dicas de saúde bucal às moradoras, ensinando-as a escovar corretamente com a ajuda dos macromodelos. Em seguida, Raí e Patrick começaram a organizar o espaço com tapetes, objetos decorativos e som, tudo para a preparação para o grande desfile. Isso mesmo, maquiadas e penteadas com o auxílio das alunas do 4º e 8º período, chega a hora das três moradoras mostrarem toda a beleza, charme e desenvoltura na passarela ao som de Show das Poderosas. O clima de festa e animação no ambiente foi registrado em fotos e vídeos, tudo com o devido cuidado para não expor as pacientes, que exibiram um invejável entusiasmo, chegando, inclusive, a convidar os alunos para dançar forró.









Mas como tudo que é bom dura pouco, eis que chega o momento de partir. Igualmente a recepção, a despedida contou com o carinho de todos da residência. O saldo final foi o de uma manhã iluminada que proporcionou a todos uma lição de vida que os livros e as aulas não proporcionam, uma lição de que toda pessoa é acima de tudo um ser humano com uma história de vida única e que não só merece como precisa do nosso respeito e atenção, sobretudo aqueles que possuem determinadas deficiências e transtornos.

Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana. (Carl Jung)



 Obs.: Os rostos e os nomes das pacientes foram ocultados de acordo com a orientação da equipe da Residência Terapêutica, que tão generosamente nos permitiu fazer esse trabalho.

OITAVO DIA: Organizando a Atividade Educativa

Esse foi o primeiro dia de atividade prática pós-recesso e já tínhamos conversado com a Dra. Patrícia sobre a Atividade Educativa que fazia parte do cronograma da disciplina. Ela deu a ideia de realizá-la na Residência Terapêutica assistida pela sua equipe. Aceitamos sua proposta e convidamos os colegas Patrick e Fernanda para nos ajudar. Depois disso, Dra. Patrícia ligou para o responsável pela Residência, Helielson, para marcar a nossa visita e perguntar sobre como estavam os pacientes. Ele informou que dos 6 moradores, dois tiveram que ser internados no Hospital Aerolino de Abreu devido a surtos recorrentes. As outras moradoras (mulheres) poderiam estar em alguma consulta, mas mesmo assim a atividade ficou marcada para a quarta-feira seguinte.

Depois disso, conversamos um pouco com Dra. Patrícia sobre o que poderia ser feito para integrar a educação sobre a saúde bucal com o cotidiano das pacientes e ela sugeriu que levássemos maquiagens (as pacientes já tinham pedido isso a ela em outra ocasião).
Neste mesmo dia, ainda ligamos para Dona Ana Rosa para tentar visitar algumas casas, apesar do horário avançado, mas ela afirmou que só trabalharia durante a tarde naquele dia.

Para dar prosseguimento ao planejamento da Atividade Educativa, nós (Marina e Raí) criamos um grupo no Whats App com os colegas Fernanda e Patrick para discutir melhor o que poderíamos fazer, qual melhor forma de abordar a Saúde Bucal com essas pacientes. Patrick também ligou para  Helielson para pedir mais informações e com isso conseguimos montar um esquema básico do que seria a Atividade, sendo este bem flexível, afinal, não sabíamos ao certo qual seria o cenário que encontraríamos, já que nenhum de nós quatro tínhamos ido a uma Residência Terapêutica.

SÉTIMO DIA: A Unidade de Saúde

No sétimo dia, a ACS viajou e não pôde nos acompanhar na atividade de campo, então, acordamos com a Dra. Patrícia que iríamos conhecer um pouco do funcionamento do posto, assim como o seu quadro de funcionários.
Primeiramente nos dirigimos à Farmácia e conversamos com a Tamires, responsável do setor. Ela nos relatou que exerce o cargo há 5 meses mas não teve qualquer treinamento para desempenhar essa função, prestou concurso de auxiliar administrativo e pensava que iria trabalhar na própria FMS, não em uma Unidade tendo que lidar diariamente com medicamentos. Ela contou que assim que começou quase entra em depressão com medo de errar o medicamento e prejudicar a saúde de algum paciente, mas hoje já se sente mais segura.
Com relação aos medicamentos em si, ela elencou como os que mais saem da farmácia: medicação para controle da hipertensão, para vermes, para controle da diabetes e para a suplementação da gestante como Ácido fólico e Sulfato Ferroso. Para os pacientes crônicos, as receitas são válidas por 3 meses, após esse período nova consulta deve ser realizada.
Quanto aos problemas que tem que enfrentar todos os dias, Tamires citou inúmeros em poucos minutos. A principal queixa foi a falta de medicamentos em si.
"A coisa que eu mais digo aqui é NÃO, não tem."
Além disso, ela relatou que os medicamentos chegam da farmácia da Fundação em caixas grandes, apenas as cartelas, sem "saquinhos" ou "caixinhas" e que considera ruim os entregar de qualquer jeito ao usuário.
Foi notório também o calor que fazia dentro da salinha aonde ficam não só a funcionária como caixas e caixas de medicamentos ainda para serem organizados. Isso se deve à ausência de um ar-condicionado assim como de um depósito na própria Unidade.
Por fim, Tamires explicou que tanto o material odontológico como o da sala de vacinação vão diretamente para esses setores, mas que no caso de ausência de algum item os outros profissionais costumam pegá-los lá.



Depois disso, fomos até o SAME e conversamos com várias funcionárias, dentre elas, uma das mais falantes foi a Kátia. Ela relatou que o SAME é responsável pelo arquivamento, pela marcação de atendimentos a serem realizados no próprio posto e pelos encaminhamentos através do Sistema Online, vigente há 3 anos. Antes dessa informatização, os encaminhamentos eram realizados através de cotas de consultas e exames para cada unidade ou pelo telefone, o que resultava em uma enorme dificuldade para os funcionários. O que mais marcou no discurso de todas as funcionárias do setor foi a veemência com a qual afirmavam que há uma enorme desigualdade entre a oferta de atendimentos e a demanda da população que procura o posto.

Consultas para especialistas como Ortopedistas, Neurologistas e Cirurgiões são disponíveis apenas nos Hospitais de Referência que atendem não só todos os encaminhamentos da Rede de Atenção Básica da cidade de Teresina como também de outras cidades e estados. Dona Kátia falou que isso deriva também do fato dos médicos da atenção básica "apenas encaminharem, encaminharem e encaminharem", deixando o SAME sobrecarregado.

"A Fundação quer é que crie fila de madrugada."

Com relação aos pacientes que chegam pela primeira vez ao posto, ela explicou que eles precisam ter o cartão do Sistema Único de Saúde, assim como preencher o prontuário que fica arquivado na unidade. Grande parte desses pacientes recém-chegados reclama bastante dos ACSs, que não visitam as casas ou não os cadastram.

Sobre a equipe de Saúde Bucal, a principal queixa foi a respeito de uma equipe que fica descoberta. Das 5 equipes da Unidade (114, 152, 115, 117 e 132), a 152 não tem cirurgião-dentista responsável e os pacientes dessa microárea específica é atendida no Hospital Getúlio Vargas.

Depois disso, conversamos rapidamente com a enfermeira responsável pelo Bolsa Família na Unidade do Cristo Rei. Perguntamos de forma direta a ela se considera que o Bolsa Família ajudou quanto à saúde da população ou se essa é uma ideia erroneamente difundida com interesses políticos. Segundo ela, o Bolsa Família contribui para a manutenção da população num conceito errado de Saúde: a de fazer a avaliação das crianças apenas para não perder o benefício financeiro e isso não é benéfico.

Todas as "entrevistas" trouxeram muita informação sobre o que a Atenção Básica representa na prática para o usuário e o profissional do SUS.

SEXTO DIA: A equipe

Nessa semana, especialmente, a atividade saiu da quarta pela manhã e foi para a sexta-feira, com o intuito de coincidir com a reunião da equipe da Unidade Básica de Saúde da Família.
Esse foi um momento muito importante, afinal, até então só conhecíamos a equipe de saúde bucal e duas agentes de saúde.
Antes da reunião, Dra. Patrícia conversou um pouco conosco e com a Lorena, aluna do 9º período que estava realizando seu estágio na Unidade de saúde da família.




A equipe do posto do Cristo Rei é composta por: Um médico – Dr.Francisco Martins, que também é o diretor da Maternidade D. Evangelina Rosa e atende na Estratégia de Saúde da Família por um pedido pessoal do presidente da Fundação Municipal de Saúde, Dr. Luiz Lobão; uma enfermeira: Dona Raimundinha, uma senhora já de idade avançada e de grande competência e muito respeitada por todos da unidade; as Agentes Comunitárias de Saúde e as equipes de Saúde Bucal.

Dra. Patrícia iniciou a reunião explicando um pouco sobre o que fazíamos na Saúde Coletiva I, o que foi bem recebido por todos que estavam na sala. A partir daí, começou a reunião em si, em que foram abordados vários temas como: a pesagem de crianças obrigatória para a manutenção do benefício do Bolsa Família, as campanhas que deveriam ser feitas, a organização no momento da marcação das consultas... As agentes tiraram várias dúvidas com o Dr. Francisco Martins, assim como falaram de casos de pacientes.

A impressão que ficou é que a Odontologia está bem integrada com os demais setores da equipe, embora esta ainda seja centrada na figura do profissional da Medicina, o que é compreensível não só pelo papel generalista do médico, como pelo próprio currículo do médico em questão, bastante respeitável.


QUINTO DIA: Analisando os problemas da área

O quarto dia começa com visitas bem interessantes ainda na região da Vila Ferroviária. O sincero desabafo de uma senhora frustrada pela deficiência do sistema de saúde vigente foi uma situação nova para lidarmos, pois em todas as casas  que tínhamos visitado antes, sempre éramos tratados ou com muita cordialidade ou com gentileza, mesmo quando o morador estava indiferente ao que queríamos informar. O marido, mais calmo e sereno, assim como a filha, optaram mais por ouvir.

A população falou bastante sobre como o lixo e a presença constante do trem era nociva à saúde dos moradores.


Bem perto dessa casa, praticamente ao lado, visitamos um senhor hipertenso que relatava a gravidez precoce de sua filha de apenas 16 anos. Chamou-nos a atenção a calma com que ele contava a história e a demonstração de consciência e preocupação para que ela pudesse ter um acompanhamento durante toda a gestação.

O tema gravidez continuou a nos permear por essa manhã ao conhecermos a líder comunitária da Vila Ferroviária. Bastante comunicativa, essa senhora se queixou da impaciência e alto grau de irritação que vem sofrendo da filha, também adolescente com gravidez não planejada. Ao longo da conversa, o seu genro chega, tímido, ele senta e não demonstra preocupação em cuidar de um ferimento no pé com parafuso. A agente Ana Rosa insiste que ele procure atendimento.

Ao final, mais alguns rapazes chegam e pedem preservativos a agente, que prontamente os entrega e ainda dá dicas de preservação e cuidados na hora do sexo. Um clima de descontração se instala naquele momento.

QUARTO DIA: Contato com a dupla do 8º período

No dia 20, já estávamos conscientes que além de dona Ana Rosa, a dupla do 8º período, Sudário e Fernando, e a auxiliar de saúde bucal Naína também iria conosco nas visitas.Depois de muito esperarmos decidimos ir sem a auxiliar Naína. 

As visitas que fizemos foram na região da Vila Ferroviária bem aonde passa o trilho do trem e do metrô, próximo ao rio Poty e da Av. Higino Cunha.


Essa região se mostrou extremamente interessante para o trabalho, tendo em vista a vulnerabilidade dos moradores que ali habitam, que coexistem com lixo, condições precárias de saneamento básico e principalmente com a insegurança de morar numa área de risco, tanto o risco do trem descarrilhar (como já aconteceu) como o risco das águas subirem e alagarem a comunidade.

Em contrapartida, segundo o relato da própria Ana Rosa, a população de tal região se cuida bastante, mantendo as “taxas de diabetes e pressão arterial controladas”.

Também é importante frisar o auxílio da dupla do 8º período na abordagem das famílias que nos receberam, focando na atenção à saúde bucal, algo que não tínhamos sido bem sucedidos ainda. Com o macromodelo, ficou bem fácil de falar sobre os cuidados que deveríamos tomar.

TERCEIRO DIA: O trabalho do ACS (parte I)

Na segunda quarta-feira já tínhamos combinado com a dona Ana Rosa o local de encontro (Ponto terminal do ônibus IAPC | Quadra do Conjunto João Emílio Falcão). Chegamos ao local no horário, no entanto, ninguém chegava. Depois de mais ou menos 45 minutos, uma outra agente, Dona Ana Célia, se identificou e disse que a dona Ana Rosa não poderia nos acompanhar por motivos de doença.

Com a outra agente era responsável por uma microárea diferente da que já tínhamos visitado, foi interessante fazer a comparação entre as duas. Nos apartamentos do Conjunto João Emílio Falcão o acesso realmente é mais dificultado, tanto que por muitas vezes não conseguimos falar com o morador.

Visitamos alguns blocos e falamos com alguns moradores da comunidade, principalmente idosos. Fomos muito bem recebidos nos apartamentos em que visitamos e conversamos sobre temas gerais em saúde. Pudemos perceber que os idosos ainda têm a noção da Odontologia somente mutiladora e curativa e o discurso que mais ouvíamos era: "Não, meus filhos, não tenho dente mais, não preciso de dentista."

Depois de visitar alguns pacientes, retornamos ao posto e falamos brevemente com a Dra. Patrícia. Ela combinou de discutirmos posteriormente um artigo que mandaria para nós do 4º período e para a dupla do 8º período.

Também nos informou que entraria de férias nas próximas semanas e que não nos preocupássemos pois manteria contato.

SEGUNDO DIA: O território

No primeiro dia, não sabíamos muito bem o que iríamos encontrar e nem mesmo qual seria nossa atividade ao certo. Assim que chegamos à unidade, localizamos o consultório e começamos a conversar com a Dra. Patrícia. Não é “puxando o saco”, mas ela foi extremamente solícita, ligando para a agente que iria nos acompanhar, nos apresentando tanto o espaço físico quanto ao pessoal da unidade.

Enquanto aguardávamos a chegada de dona Ana Rosa, observamos um pouco o funcionamento da unidade Cristo Rei. Presenciamos até mesmo uma cena absolutamente comum no serviço público: um paciente reclamar no SAME por causa de alguma burocracia. Na sala de espera da Unidade, pudemos notar a presença de uma brinquedoteca. O relato sobre a experiência de inserir esse espaço para melhorar o bem-estar dos usuários pode ser encontrado aqui!

Dra. Patrícia também falou, durante esse período, um pouco sobre o que fundamentalmente é a estratégia saúde da família, sobre o papel que iríamos desempenhar ao acompanhar a agente de saúde, sobre o conceito de território. Com a chegada da agente Ana Rosa, ela nos levou até a microárea atendida.

Com o horário já avançado, pudemos visitar apenas 3 casas, mesmo assim já deu para ter uma noção do que o agente de saúde faz diariamente, preenchimento das fichas e orientações às famílias.


O final do primeiro dia foi bastante proveitoso, uma vivência muito rica para poucas horas. 

PRIMEIRO DIA: Os "nós" do mundo

O primeiro dia de atividades práticas em Saúde Coletiva coincidiu com o primeiro dia de aulas na UFPI, então, o clima ainda era de retorno à rotina de aulas. Prof. Otacílio e Prof. Marcoeli já estavam reunidos com a turma do oitavo período, delegando para quais postos cada dupla seria enviada. Nós do quarto pudemos optar dentre alguns. Eu (Marina) escolhi o posto do Cristo Rei, não pela proximidade da minha casa, e sim, por já conhecer a área e também pela proximidade ao CIES, onde nós já desempenharíamos o trabalho com o PROSBE.

Depois disso, prof. Otacílio se reuniu apenas conosco do quarto período e explicou um pouco sobre o que teríamos que fazer, inclusive sobre o portfólio.Como primeira atividade prática, fomos visitar a exposição "Nós do Mundo" aberta no Espaço Rosa dos Ventos da Universidade.

A exposição aborda temas inerentes aos problemas os quais todos os dias temos contato e mesmo assim, muitas vezes deixamos passar ou acreditamos que nada tem a ver com a nossa vida.


 Discutir a relação do homem com a natureza é extremamente importante, tendo em vista que essa tem se mostrado desequilibrada e nociva. A visão de que tudo pode ser tirado do planeta sem qualquer preocupação com o amanhã é o que move o desperdício e a exploração sem limite a que o mundo hoje está submetido. Não acreditamos que esse "nó" seja fácil de desatar, mas a informação e a educação é o único caminho para tentar.



A exposição é bastante interativa e traz informações atualizadas e reais, o que ajuda a construir um sinal de alerta para o quão grave está a situação do mundo com os hábitos que a humanidade detém.



O término da mostra é o documentário de aproximadamente 20 minutos "Vozes do Clima: Semi-árido" e esse foi um dos momentos mais marcantes pelo fato de ser uma realidade tão próxima da nossa e ao mesmo tempo tão distante. Quem tem família no interior do estado pôde afirmar que as práticas e dificuldades são bem parecidas às retratadas no filme.